FILA DO AMOR
(Por Fabrício Carpinejar)
Quem amamos sempre deixamos para depois.
Porque é da família e vai entender a urgência de nosso trabalho.
Um
minutinho, meu filho./ Já te ligo, amor./ Agora estou ocupado./ É uma ligação
importante.
Só que o filho cresce e para de nos
procurar.
Só que o pai morre e não descobrimos o
que ele queria.
Só que a esposa se cansa da solidão e
pede o divórcio.
Reclamamos da fila da Previdência, da
fila do SUS, da fila dos bancos. Mas os familiares vivem em fila para serem
atendidos dentro de casa.
É a fila do amor que não anda. Do amor
que pensa que terá tempo em seguida. O tempo adiante será o mesmo tempo de
agora. A mesma falta de tempo.
Filhos pequenos são mendigos em seus
quartos, esperando que você desligue o telefone, que você preste atenção.
Maltratamos quem a gente gosta com
adiamentos e desculpas. A vida passa e a promessa de conversa não se realiza. E
não sabemos o que o nosso menino estudou, o que a mulher criou no trabalho, o
que a mãe precisava comentar sobre seu passado.
Abandonamos a família porque desejamos
ter calma. Ter folga. Ter férias.
Melhor falar nervoso do que não falar.
Melhor um pouquinho junto do que nada. Melhor o rascunho do que a idealização.
Interrompa suas atividades para ouvir a
família. Mesmo que seja rápido. Mesmo que seja de qualquer jeito.
A conversa é do momento, a conversa é um
momento.
É possível desistir de dizer. É possível
perder a vontade.
Não existe como recuperar lembranças.
Cuide da família. Agora!
(post tirado do blog http://carpinejar.blogspot.com.br/)